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domingo, 2 de novembro de 2008

47- Re-re-recomeçando!

Começo agora a relatar o mês de novembro (2006). Foi um mês em que tenho um prazer enorme em relatar aqui, pois mudanças significativas ocorreram em minha vida, como vocês verão agora.

Em relação à auto-hemoterapia, comecei o mês fazendo a quinta aplicação. E, para surpresa minha e da minha médica, a doença estava sob controle. As evacuações estavam se normalizando e eu estava com mais domínio em relação ao uso da bolsa também. As dores da sacroileíte e das hérnias de disco diminuíram bastante e só incomodavam quando eu abusava da postura. Em alguns dias ficava horas seguidas no computador e isso provoca dores lombares e acho que também das hérnias. Mas um repouso fazia o quadro melhorar e, por isso não me preocupei. A fístula também estava tranqüila e só funcionava como túnel entre o ânus e a vagina.

Para explicar melhor esse quadro é necessário lembrar que o que foi retirado durante a cirurgia foi um pequeno pedaço do reto, mas a maior parte dele foi preservada. E em uma linguagem bem popular, ele foi “costurado” para não ter passagem entre ele e a cavidade interna onde ficava a porção do intestino que fora extirpada. Mas logo após a cirurgia, quando eu tive uma infecção, ficamos com receio de serem fezes novamente na cavidade abdominal e minha médica retirou esses pontos que isolavam o ânus. Mas o foco da infecção não era lá e sim, no intestino mesmo, perto do estoma. A infecção foi tratada, como relatei antes, e essa “abertura” do ânus com a cavidade abdominal permaneceu. Como a cavidade foi muito mexida na cirurgia, a produção de fibrina era bem grande, e geralmente eu sentia vontade de evacuar, mas não eram fezes, claro, pois elas saiam pelo estoma. Era a fibrina saindo pelo ânus. Foi então que vi minha fístula novamente funcionando. A fibrina não saía pela vagina porque era muito espessa, mas a parte líquida passava toda a ponto de minha calcinha ficar encharcada. Com isso, tive que começar a usar absorvente íntimo diariamente e isso gerou uma alergia constante. Mas pela primeira vez não reclamava, pois sabia exatamente o que estava acontecendo comigo e com meu corpo. Essa sensação de ter controle novamente sobre mim mesma era muito boa.

Outro fator me deixava mais segura também, que era o fato de ter conseguido parar de fumar. Completavam 2 meses e, desde aquela noite decisiva com meu Bebê, não havia tragado nem de leve mais nenhum cigarro. Domínio... vontade... Como isso era bom!

Na faculdade as coisas caminhavam bem. As aulas não eram lá grandes coisas não. As matérias estavam desinteressantes e os professores não colaboravam. Praticamente não tinham didática e isso tornava a aula muito cansativa e desestimulante. Tínhamos muitos trabalhos a fazer e apresentar. Eram trabalhos em grupo, mas como sempre, somente alguns trabalhavam e eu era uma delas. Não me incomodava porque ajudava a passar o tempo em casa, mas não suportava a idéia de discussões e cobranças no grupo por parte de quem não fazia nada e isso era terrivelmente desgastante.

Minhas finanças continuavam lá embaixo, mas lá embaixo mesmo! A cada mês precisava usar um pouco mais do meu limite especial no banco. Isso sim me preocupava e me tirava do sério. Todas as preocupações que eu evitava, todo meu esforço em relaxar para melhorar pareciam sem sentido quando o assunto era dinheiro e contas a pagar.

Mas esse mês, nem tudo foi ruim, pelo contrário. Apesar de ter sido um ano difícil para mim, física e emocionalmente, um ano realmente marcante em minha vida, algo de muito bom aconteceu. Eu comecei a namorar e foi diferente de tudo que eu já tinha vivido até hoje, começando pelo fato de morarmos longe. Entre São Paulo e Belo Horizonte, de ônibus, a viagem dura em torno de 8 horas... Mas a diferença real para mim não estava nesse ponto. Eu estava segura, completamente segura do que eu queria, mesmo havendo decidido ficar só para sempre até algum tempo atrás. Vislumbrava minha vida com ele, plenamente. Sentia que seria aquela relação que eu sempre quis para mim, não só em sonhos mas para ser real um dia. Conseguia enxergar nele um companheiro para o dia-a-dia, para aquela rotina de vida, ao acordar, ao chegar em casa após o trabalho, ao ir dormir, os finais de semana com a família, enfim... para o sempre. Isso tudo antes mesmo de decidir pelo início do namoro. Foi algo muito forte, intenso e único. A certeza de estar tomando a decisão certa era tão grande que não receava a reação dos meus pais e olha que eles teriam motivos para não gostar, como a distância e o pouquíssimo tempo de convivência. Mas não queria que as pessoas soubessem, por enquanto. Queria curtir sem a opinião dos outros, sem a influência, sem os pensamentos, sem os questionamentos. Só fiz questão de contar para minha filha, claro. Ela foi a primeira a ficar sabendo. E aqui começa, definitivamente, um novo capítulo em minha vida pois sabia que as coisas mudariam completamente com esse namoro, e o que mais me assustava, EU mudaria.

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