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domingo, 16 de novembro de 2008

49- Janeiro/2007


Vocês devem estar pensando: “Nossa, como ela parece uma adolescente, que nunca namorou!” Pois era assim mesmo que eu estava me sentindo... uma adolescente de 37 anos... Não era o fato de estar namorando simplesmente, mas porque havia me decidido por não mais me envolver com ninguém. E voltar atrás em uma decisão, pelo menos para mim, não é algo fácil. Posso demorar para decidir algo, mas quando decido sou firme e até meu orgulho entra em ação. Voltar atrás significaria que errei. Por isso esse momento da minha vida estava sendo importante, e por isso meu namoro significava tanto pra mim. Meu namorado sabia que eu havia decidido por ficar só, mas que era tão importante assim para mim conviver com ele, acho que ele não tinha essa noção. Eu falava sobre isso, mas não sei o quão grande ele se imaginou na minha vida. Poxa... Depois de tanto tempo, tantos anos, tanto sofrimento solitário, poderia contar com alguém que iria me entender, aceitar minha condição física atual e me respeitar. Sua presença se fazia tão importante e necessária que, quando não estávamos nos falando eu sentia um vazio enorme dentro de mim... e um outro medo começou a aparecer: o da dependência! O mês começou e vou relatar tudo que for de importante...

Alguns momentos relatados aqui no blog foram muito difíceis para mim. Equivalem a reviver tudo que me aconteceu. Acontece de parar no meio do relato, salvar a postagem, desligar o computador. Aí fico remoendo e digerindo tudo aquilo que preciso escrever, mas a barreira é grande. Estou fazendo um trabalho grande comigo mesma para que essa volta ao passado não piore meu quadro de saúde atualmente. Às vezes volto em algum ponto já escrito e incluo alguns detalhes, ou então tiro outros que podem magoar algumas pessoas, provocar polêmicas em outras e também frustração e indignação em outras tantas. Mas tudo narrado aqui é real e aconteceu mesmo, mas que não são fatos isolados e nem isso tudo é um romance ou uma ficção. Foram momentos que realmente aconteceram e que deixaram marcas. Umas até bastante profundas e que ainda não cicatrizaram. Talvez porque eu ainda não tenha me perdoado por deixar as coisas acontecerem da forma que aconteceram. E estou falando de anos atrás, coisas até mesmo antes do Crohn. Mas acredito que, mesmo ficando abalada em trazer à tona coisas importantes da minha experiência de vida (cheguei a entrar em processo de diarréia por várias vezes), esse relato poderá ser útil a outras pessoas. Só espero não afastar pessoas que amo por dizer aqui algumas verdades até então encobertas. Como o objetivo desse blog é relatar os fatos importantes que me aconteceram e relacioná-los com a doença, venho dizer que tenho CERTEZA absoluta, como paciente de Crohn, que o fator emocional interfere demais na doença. Mas vamos aos acontecimentos...

Ainda assustada com a cólica de final de ano (2006/2007), fui até a clínica da minha médica e pedi à outra médica que fizesse o pedido de um Trânsito Intestinal, conforme orientação ao telefone no final de Dezembro/06:

“Estômago e duodeno aparentemente sem alterações.
Trânsito do Delgado processando-se livremente.

As alças ileais apresentam-se hipotônicas, ligeiramente dilatadas, mas com pregueamento mucoso preservado.

Íleo terminal permeável, possuindo contornos irregulares e mucosa ligeiramente espessada.
Contrastação do apêndice cecal.”

Senti firmeza nesse laudo não. Confiava mais no que a médica visse nas chapas. Aliás, ela lia o laudo depois de ter visto e analisado todas as chapas, só para ver se haviam discordâncias. Ela retornaria de férias na metade do mês. Tinha que aguardar.

Nessa mesma época, levei meu Bebê (16 anos agora) novamente na médica clínica para refazermos os exames, em função dos cristais na urina no ano passado e os caroços na nuca, que não desapareceram. E ela continuava a reclamar da dor na região dos rins. Os exames foram bem, tudo normal. E o ultra-som dos caroços mostraram novos, mas pequenos também e o endocrinologista novamente disse que não havia nada a ser feito, pelo menos por enquanto. Aproveitei e levei-a também para a clínica de fonoaudiologia da faculdade em que estudo. Ela nasceu com o freio de língua, e no ano anterior fez a cirurgia de retirada do freio, mas continuava com dificuldade em pronunciar palavras, principalmente quando precisava falar depressa. Ela passaria por uma avaliação, que levaria algum tempo para se definir a real necessidade das sessões. E por fim fomos a um oftalmologista e descobrimos que ambas precisávamos usar óculos. Ela adorou, vocês acreditam nisso?

Logo no início do mês também, resolvi fazer uma pausa nas aplicações da Auto Hemoterapia. Sabia que uma pausa poderia ser benéfica e aproveitei o fato de que a pessoa que fazia as aplicações em mim, ia sair em viagem de férias. Estava sem os curativos da enfermeira da empresa das bolsas de colostomia porque havia o período de férias coletivas e elas só retornariam no final do mês, portanto, eu mesma estava cuidando da ferida. Vinte dias após a pausa, voltei com a Auto Hemoterapia. Mas a ferida estava uma beleza! Já estava toda vermelhinha, em processo de granulação, que significa que estava já entrando no processo de cicatrização. Vejam as fotos com as datas:

24/12/06


28/01/07


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Um comentário:

Dani Nunes disse...

Oi querida, adorei o seu blog, sou estudante de nutrição e estava procurando outra doença que atinge o cólon e acabei aqui. É lindo isso que você faz, contar tudo e dividir com as pessoas sua experiência.
Te desejo toda a sorte do mundo, você é abençoada!