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segunda-feira, 7 de abril de 2008

17- Finalizando 2002 (e bem...)

Voltando ao final de 2002, em meados de novembro, refiz alguns exames laboratoriais. O que apareceu de relevante foi:

• um pouco anêmica (11 g/dl)
• as plaquetas voltaram a subir (474.000 mm3)
• monócitos e linfócitos baixos (108 e 270 mm3)
• bastonetes altos (972 mm3)

Nesse exame fica claro a anemia, a deficiência no sistema imune e infecção. Pedi ao Mark que me auxiliasse em criar um post para explicarmos o que significa cada item desses exames. Iremos postar mais à frente.

Nesse período minhas evacuações aumentaram... voltei a evacuar umas 10 vezes por dia, inclusive pela madrugada. Estava desanimada. Realizei também meu segundo Trânsito Intestinal: ingestão de contraste (bário) por via oral e tirando as chapas de meia em meia hora. Vamos ao laudo:

“Estudo radiológico do trânsito intestinal constando de 6 filmes 35 x 43, numerados na seqüência da sua realização e anotando-se o horário a partir da ingestão do bário.

Trânsito processando-se em tempo habitual até a porção terminal do íleo que é observada na radiografia de número quatro, aos cento e cinqüenta minutos e que se apresenta com redução de calibre e mucosa irregular.
Nota-se a mesma alteração descrita em íleo-terminal presente também na porção média do transverso e no descendente até o reto e visualizada nas radiografias número cinco e seis.

CONCLUSÃO: os achados são de doença granulomatosa de íleo terminal, transverso, descendente e sigmóide. Doença de Crohn.”

Redução do calibre significa que essas regiões que grifei no laudo estavam estenosando. Isso me apavorou. Era praticamente o intestino grosso todo! A doença estava evoluindo!

Voltei com todos os resultados na médica e ela me explicou que a doença estava evoluindo sim. A estenose poderia estacionar ou continuar. Tínhamos que esperar. A notícia boa foi que ela disse que conversou com as outras duas médicas da clínica sobre reunir os pacientes com DII e ambas gostaram da idéia. Pediriam à secretária da clínica que ligasse para todos os pacientes das três que tivessem o diagnóstico de Doença Inflamatória Intestinal. Explicaria que estavam querendo marcar um encontro com todos os portadores de Crohn e RCU pessoalmente. Disse também que conseguira uma sala na faculdade em que ministrava aula para que a gente pudesse se encontrar. Fui até as nuvens! Era melhor do que eu podia querer. Mas não fiquei muito eufórica porque sabia que era bem provável que só alguns aparecessem. E também estávamos no fim do ano. Mas mesmo assim. Se aparecesse uma única pessoa além de mim, já estava bom demais!

Chegou o dia marcado do encontro e fui até a faculdade, conforme ela me indicou. Para minha surpresa apareceram 18 pessoas! Ela explicou ao grupo como surgiu a idéia do encontro, disse que convidou portadores de duas patologias: Doença de Crohn e Retocolite Ulcerativa (RCU). Ambas eram classificadas como Doenças Inflamatórias Intestinais e tinham sintomas bem semelhantes. Pediu então que cada um contasse, em poucas palavras, sua história com a doença. Foi impressionante ouvir os relatos. E pudemos sentir como cada um tinha necessidade de falar e se expor. Todos se sentiam como eu!

A reunião correu bem e, após uma hora e meia rodamos uma lista, onde todos preencheram com seus dados (nome, endereço, telefone) para que marcássemos novo encontro. Enquanto as pessoas iam escrevendo, eu e outro colega de Crohn pensamos em fazer daquela reunião, o início de um grupo de auto-ajuda. Levamos a idéia para o restante do grupo, que apoiou incondicionalmente. E naquele mesmo instante definimos o nome do grupo: GADII – Grupo de Apoio aos portadores de Doenças Inflamatórias Intestinais. Assim surgiu o GADII, que vocês ainda ouvirão falar muito aqui neste livro. Essa foi nossa logomarca inicial:


A empolgação era tanta que um tempo depois montamos nossa sede virtual. Tínhamos um site! (http://www.gadii.com.br). As três médicas resolveram bancar o custo da manutenção até aparecer algum patrocínio. Estávamos oficialmente existindo. Faltava regularizar a parte burocrática (registro de fundação, atas, diretoria, estatuto) mas, como tínhamos intenção de ser uma ONG, precisaríamos de ter pelo menos 2 anos de existência. Fomos fazendo nossas reuniões, registrando-as em atas, esperando completar os 2 anos.

Bom, passaram as festas de final de ano e recomecei na luta à procura de emprego. Meu seguro-desemprego terminaria em janeiro e depois não teria mais como pagar a faculdade. Minha última opção era desistir do curso (de novo!).

Mas isso é assunto para outro post!

Bjim...

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