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sexta-feira, 11 de setembro de 2009

66- Outubro / 2007

Não estava vivendo um período fácil. Estágio pela manhã em Centros de saúde e hospitais diversos. Estágio à tarde no Ambulatório de Feridas do IPSEMG. Gostava do estágio da tarde, pois foi a prática que mais me identifiquei: cuidar de pacientes com feridas. Que, aliás, é bem diferente do que apenas cuidar de feridas. O estágio da parte da manhã era menos interessante e me cansava mais, já que tínhamos que fazer um trabalho escrito atrás do outro e tínhamos pouca coisa para fazermos na prática da Enfermagem. Claro que era necessário, mas era um estágio que eu já havia feito metade e já sabia da teoria das professoras. Do jeito que eu estava física e emocionalmente falando, não consegui absorver mais do que o necessário.


Mas o que me desgastava mesmo eram as outras coisas: pegar ônibus com material, bolsa e um estoma para proteger; o processo da alergia da bolsa de colostomia; o namoro dando errado; o cansaço físico, a sacroileíte atacando por ficar tempo demais em pé. Tudo isso ia se acumulando, mas eu não podia parar. Queria me formar em 2007 e faltavam apenas os meses de Outubro e Novembro. Eu precisava conseguir.

No meio do mês fui fazer o teste de contato. A alergista emitiu o resultado do teste e um relatório onde afirma minha reação com as bolsas da marca que eu havia comentado antes e diz que não existe tratamento curativo, apenas não usar a bolsa determinada. O teste consistiu em colar em minhas costas, abaixo do ombro, várias substâncias, que constam no resultado, e aguardar uns dias para ver a reação da pele. Colamos pedaços das 2 marcas de bolsas de colostomia distribuídas pelo governo na época. Tudo foi colado de forma aleatória para que não se manipulasse o resultado. Quando retiramos todas as substâncias, o local do pedaço da bolsa em questão estava irritado. Guardo comigo esse laudo e relatório, pois se algum dia o governo não me der opção de bolsa e só tiver a marca que não posso, tenho como abrir um processo para conseguir outra marca.

Mas só a confirmação da alergia me deixou bastante aliviada. Para alguns eu estava fazendo papel de “fresca e encrenqueira”. Só que ninguém imagina o que é ficar ostomizada para o resto da vida e ter que usar bolsas que abrem feridas em minha pele. Queria que a colostomia melhorasse minha qualidade de vida e fosse a menor de minhas preocupações, mas até agora não vi nem sinal disso.

Enquanto isso tudo acontecia, comecei a fazer meu Trabalho de Conclusão do Curso (TCC) que seria de Revisão Bibliográfica. Pedi à minha orientadora que permitisse que eu fizesse sozinha já que fazia o estágio sozinha e não conhecia ninguém daquele último período. Ela concordou e comecei a elaborar o tema. Escolhi falar sobre a influência do estado emocional durante o tratamento do paciente com feridas e como o Enfermeiro deve se portar diante disso. Vocês não têm noção do quanto estudar e ler para fazer esse trabalho me ajudou. Era como se eu estivesse fazendo aquilo para mim mesma. Mas foi difícil. A cada encontro com a orientadora ela saía riscando tudo e me dizendo onde eu errava. Eu tinha que corrigir e continuar o trabalho para o próximo encontro com ela. Tinha dias em que saía chorando, cansada, achando que o trabalho nunca ficaria bom...


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Um comentário:

jejhelathayde disse...

me emocionei muito.voce é vencedora e vitoriosa.mas aguente firme.vc consegue.me diz quando comecou,tudo,como descobriu.a data.nao tou achando no blog.ok.
se possivel colocar seu nome no centro espirita para ajuda.se me permite.sou espirita